A raposa andava maluca para pegar o gato. Mas
ela sabia, como todo mundo sabe, que o gato é o maior mestre pulador e nem
adiantava tentar agarrá-lo. Com um salto de banda, o danado sempre se safava.
Decidiu então a raposa usar da esperteza.
Chegou-se para o gato e propôs a paz:
– Chega de correr um atrás do outro, mestre
gato. Vamos agora viver em paz!
– Não é bem assim a coisa, comadre raposa –
corrigiu o gato. – Não é um que corre atrás do outro. É a “uma”, que é a senhora, que
corre atrás do “outro”, que sou eu...
– Bem, de qualquer forma, vamos fazer as pazes,
amigo gato. Como o senhor é mestre em pulos, proponho que, para celebrar
nosso acordo de amizade, o senhor me dê um curso de pulos, para eu ficar tão puladora
quanto o senhor. Pago-lhe cada lição com os mais saborosos filés de rato que o senhor já
experimentou!
O gato aceitou e começaram as lições no mesmo
dia. A raposa era aluna dedicada e o gato ótimo professor. Ensinou o salto de banda, o
salto em espiral, o cambalhota-simples, o cambalhota-com-pirueta, o duplo-mortal, o
triplo-mortal e até o sacarolha-composta. A raposa todos eles aprendia, praticava depois das aulas e, logo,
já estava tão mestre em pulos quanto o gato.
Decidiu então que já era chegada a hora de
colocar em prática seu plano sinistro.
No começo de outra aula, esgueirou-se por trás
do gato e deu um bote, caprichando no salto mais certeiro que o mestre lhe havia
ensinado!
E o gato? Deu um volteio de banda, rolou no ar,
e a raposa passou chispando por ele, indo esborrachar-se num toco de aroeira!
Ainda tonta da queda, a raposa voltou-se para o
gato e protestou:
– Mas, mestre gato, esse pulo o senhor não me
ensinou!
– Não ensinei nem ensino! – riu-se o gato. –
Esse é o segredo que me salva de malandros como a senhora, comadre raposa. Esse é
o
pulo do gato!
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