A cegonha e a raposa






Quando viu a elegante cegonha pousar na frente de sua casa, a raposa recebeu-a com a maior educação:
– Olá, Dona Cegonha! Que bom que a senhora aceitou meu convite para jantar!
Mas vá entrando, vá entrando... Não repare na bagunça, é que as minhas filhas... sabe como são essas crianças de hoje!
– Muito obrigada, Dona Macaca... – respondeu a Cegonha, sorrindo timidamente. – A senhora nem precisava ter se incomodado...
A Cegonha foi entrando na casa da Raposa, cheia de cerimônias, pois aquela era a primeira vez que alguma vizinha a convidava para uma visita desde que ela havia montado seu ninho naquela floresta.
As duas fofocaram alegremente, como convém a duas vizinhas, e logo a Raposa apontava para a mesa. O jantar estava servido.
– Venha, amiga Cegonha. Não se acanhe. Acho que a senhora vai adorar a sopa que eu preparei para o nosso jantar. É uma receita especial, faz sucesso até nos zoológico da Dinamarca!
Em dois pratos bem rasinhos, a Raposa serviu a sopa e pôs-se a lamber regaladamente a sua porção.
Mas a Cegonha, coitada! Com aquele bico comprido, só conseguia fazer tic-tic no prato, enquanto a Raposa devorava todo o jantar...
– O que foi, Dona Cegonha? – gozou a Raposa. – Não está gostando da sopa, é? Ah, ah!
A Cegonha voltou para casa com fome. Aquela Raposa ia ver com quantas cebolas se faz uma sopa!
Na manhã seguinte, o Pombo-correio chegava à toca da Raposa trazendo no bico uma cartinha da Cegonha, convidando a vizinha para um jantar em seu ninho, naquela mesma noite.
Lá se foi a Raposa, com o pelo bem escovado, e foi muito bem recebida.
– Aposto que a senhora também vai adorar a sopa que eu preparei, amiga Raposa. É uma receita especial, lá das cegonhas da Lapônia!
E veio a sopa oferecida pela Cegonha, só que servida em dois jarros de gargalo fino e comprido! E eram jarros pesados, que a Raposa não podia erguer para tomar a sopa como as pessoas tomam refrigerante!
E aí a Raposa sentiu no pelo a vingança pelo trote que havia pregado na vizinha: enquanto o bico da Cegonha alcançava facilmente a comida dentro do jarro, a Raposa, com sua linguinha, não conseguiu tomar nenhuma gota da sopa!
Enquanto a Cegonha ria a mais não poder, a Raposa voltava para a toca com a cauda entre as pernas e o estômago doendo de tanta fome!

 

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