Um mito aborígene australiano








Há muitos e muitos anos, na primavera do universo, quando tudo o que existe na terra era jovem, duas irmãs caminhavam pelos campos cobertos de belíssimas flores. Saciavam a fome com as deliciosas raízes que tiravam da terra.

Certa vez, ao anoitecer, uma das meninas abaixou-se para colher uma flor que chamou a sua atenção por ser maior que todas as outras.

Ao observar as pétalas, viu estampada numa delas o rostinho de um bebê. A carinha era tão bonita que a amenina arrancou um pedaço de casca de árvore e com ele fez uma caixinha , onde guardou a flor.

Era como se a flor fosse o seu grande tesouro e ela quisesse protegê-lo. Pôs a caixa num galho de árvore e , todas as tardes, depois do passeio, ia visitá-la. E não contou o segredo para a irmã.

Acontece que lentamente a flor foi se transformando num garotinho que , a cada dia, ficava mais forte e saudável. O verão terminou. Com a chegada do outono, as noites começaram a esfriar e a criança , a enfraquecer. Seu rostinho afinou. A menina encontrou uma coberta feita de pele de animal e agasalhou o bebê flor.

Um dia ela contou a irmã sobre o seu estranho filhinho. A irmã ficou muito feliz com a novidade. Juntas, cuidaram do garotinho com toda a dedicação. Conforme ele foi crescendo, as duas o ensinaram a falar, cantar, caçar e alimentar-se.

Quando se tornou um jovem, o menino se transformou em Mulian, o gavião, e partiu voando para os céus. Mas sempre regressava para visitar sua mães, as irmãs que o haviam colhido no campo florido. Ao sentir que já estava velhinho, converteu-se numa estrela do céu para continuar a iluminar as crianças que, como as duas mães meninas, amam e protegem as flores da terra.


( história da mitologia aborígene australiana)

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