O Dia da Ventania







A onça tinha prometido pegar o coelho na primeira oportunidade.
O coelho, que era muito esperto, imaginou um plano para acabar com a perseguição. Viu que a onça se aproximava e começou o seu planinho. Pegou o facão e pôs-se a juntar cipós, apressado e ansioso.
A onça achou aquilo muito estranho e perguntou:
– Pra que um coelho como você precisa de tanto cipó?
– Pois não sabe, comadre onça? Acontece que Tupã está furioso com todos os bichos da floresta e vai mandar um castigo terrível! Logo mais começa o Dia da Ventania Final!
– Dia da Ventania Final?! – espantou-se a onça. – O que é isso?
– Isso é que vai ventar como nunca antes ventou no mundo. Tanto que nenhum bicho conseguirá ficar de pé na terra. Vai tudo pelos ares!
– Que horror! – horrorizou-se a burra da onça. – E o que é que se pode fazer?
– Quem não for bobo tem de pedir para alguém amarrá-lo bem amarrado numa árvore bem grossa. Eu estou juntando este cipós aqui e vou correndo pra casa amarrar todos os meus filhinhos!
A onça estava apavorada:
– Me ajude, amigo coelho! Não quero ser levada pela ventania. Me amarre primeiro!
– Desculpe, comadre onça, mas não posso. Tenho de ir correndo pra casa e amarrar meus filhinhos.
– Não faça isso comigo, compadre coelho, por favor! Me amarre!
A onça tanto insistiu que o coelho, depois de fingir que recusava, só pra disfarçar,acabou“concordando”. Amarrou a danada da onça muito bem amarrada, com uma porção de cipós, na árvore mais forte da floresta!
E foi feliz para casa, deixando a burra da onça muito bem amarradinha e muito satisfeita, à espera da ventania que nunca haveria de aparecer...

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