Dona Fafá era uma girafa muito elegante e tinha o
pescoço mais comprido da floresta.
Sua filha, a Fafinha, vivia perguntando:
– Mãe, quando eu vou ficar grande como você? E
minhas pernas? Quando vão ficar compridas como as suas? Ah, mãe! Eu queria
tanto ter um pescoço tão comprido quanto o seu...
– Tenha paciência, minha filha – respondia Dona
Fafá. – As girafinhas nascem pequenas como todos os bichos. Logo, logo você vai
crescer.
Mas Fafinha estava cansada de só comer arbustinhos
baixos. Quando ia pastar com a mãe, ficava olhando admirada enquanto Dona Fafá
comia os brotinhos tenros do alto das árvores. Quando a mãe queria comer os
arbustos do outro lado do rio sem molhar os pés, era só esticar o pescoço e
pronto!
Aquela era uma façanha e tanto! Bicho nenhum seria
capaz disso. Mas Fafinha, cada vez que tentava imitar a mãe – tchibum!– acabava
caindo no rio de ponta cabeça!
Certo dia, Fafinha encontrou um riacho bem
estreitinho. Esticou o pescoço e conseguiu abocanhar uma porção de
erva-cidreira que formava um lindo arbusto na outra margem.
Mas ela nem teve tempo de ficar contente com sua
conquista.
Um macaquinho atrevido resolveu usar o pescoço da
girafinha como ponte e passou para a outra margem, sem nem pedir licença!
– Obrigado, Fafinha! – agradeceu o macaco logo que
pulou no chão. – Eu queria pegar aquelas bananas ali e não estava querendo me
molhar. É que eu ando meio resfriado.
Além disso, nesse rio pode ter jacaré. Você esticou
o pescoço bem na horinha. Obrigado!
– Às ordens... – respondeu Fafinha.
– Agora que você me fez um favor, eu tenho de fazer
outro para você – ofereceu o macaquinho. – Você quer uma banana?
– Banana, não. Eu quero é comer os brotinhos do
alto das árvores como a mamãe...
O macaquinho decidiu-se:
– Então eu vou buscar!
Disse e subiu na árvore em três tempos, como o
perfeito e ágil macaquinho que era.
– São esses brotinhos que você quer? – perguntou
ele lá do alto da árvore.
– Esses mesmos! Obrigada!
Quando Dona Fafá encontrou novamente a filha, lá
estava ela regalando-se com os brotinhos mais tenros do alto da árvore.
A mãe estranhou:
– Ué! Como é que você alcançou esses brotinhos tão
deliciosos, Fafinha?
– Ih, ih, ih! – riu-se a girafinha. – Vai ver eu já
cresci, não é, mamãe?
No alto da árvore, o macaquinho riu também, feliz
por ter ajudado a amiga.
Afinal, favor com favor se paga, não é?
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