A guerra
entre duas nações de índios já ia longe e, todas as noites, no centro das duas
aldeias, os velhos contavam as façanhas de seus guerreiros.
Numa das
naçõess, o jovem Aramirim ouvia fascinado as narrativas da valentia dos companheiros
mais velhos.
Na outra
aldeia, o pequeno Iraré tremia de orgulho ouvindo os velhos contarem as vitórias
dos corajosos guerreiros de sua nação.
Uma manhã,
Iraré abaixou-se na beira de um riacho para matar a sede e, de repente, viu
refletida na água a figura do jovem Aramirim, seu terrível inimigo!
Por um
momento, os dois meninos olharam-se imóveis, desafiadores.
O arco e
as flechas de Iraré estavam longe de suas mãos e o pequeno curumim viu Aramirim
tomar o arco, colocar uma flecha e apontar cuidadosamente.
– Vamos,
Aramirim! – desafiou Iraré, que já era um pequeno guerreiro e não tinha medo de
nada, nem da morte. – Quero ver como um covarde mata um valente desarmado!
O pequeno
Aramirim nada disse. Retesou a corda do arco e... Zás! – partiu a flecha
cortando o ar. Zing!
– e a
flecha foi cravar-se na terra, logo atrás de Iraré.
– Errou! –
riu-se Iraré. – Aramirim é só um indiozinho covarde que ainda não sabe atirar
flechas. Errou!
Aramirim
olhou bem firme nos olhos de Iraré e respondeu:
– Não,
Iraré. Aramirim não errou – logo virou as costas e foi embora, desaparecendo entre
as sombras da floresta.
Iraré
olhou atrás de si: lá estava a flecha de Aramirim, cravada no solo, logo depois
de ter trespassado uma venenosa cascavel, que estava pronta para picá-lo!
Aramirim
não era um covarde. Era um pequeno bravo guerreiro, capaz de salvar a vida de
um inimigo!
Logo os
chefes souberam do acontecido e foi feita a paz entre as nações inimigas: os
dois caciques finalmente se abraçaram, como chefes de nações irmãs, graças à
valentia de um menino!
E as
festas que foram realizadas para celebrar a paz entre aqueles dois povos valentes durou muitas luas. E os dois indiozinhos nunca mais se separaram!
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