A raposa esfomeada







Ou a raposa estava velha demais e não conseguia alcançar a caça, ou os bichos estavam espertos demais e sempre conseguiam escapar da fome da raposa. O certo é que a raposa andava esfomeada e doida por uma boa refeição.
Lá estava ela, roendo-se de fome, quando um delicioso cheiro de comida chegou-se ao nariz, muito antes de chegar-lhe aos olhos a tentadora imagem de uma carroça carregada de peixes que ia para o mercado.
Assim que a raposa viu a carroça, o carroceiro viu a raposa.
E, se a raposa pensou em comer os peixes, o carroceiro pensou em vender a valiosa pele da raposa no mercado. Levantou a espingarda e – pimba! – mandou bala na  direção da pobre esfomeada.
Sorte da raposa que o carroceiro era meio míope e tinha péssima pontaria. E azar do carroceiro que a fome da raposa aguçava-lhe o raciocínio: na hora em que ouviu o tiro (que tinha passado longe!), a espertalhona teve uma ideia brilhante: caiu para trás, fingindo-se de morta.
Assombrado com a própria pontaria, o carroceiro correu feliz para a raposa caída.
Pegou o “cadáver” e jogou-o em cima da carroça. Subiu de novo na carroça e seguiu viagem, sonhando com o lucro inesperado que o encontro daquela pele valiosa lhe  tinha trazido.
Só não viu que, lá dentro da carroça, a raposa empanturrava-se com os peixes e depois fugia satisfeita, carregando nos dentes o que não tinha conseguido devorar!

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