Mestre Bode
resolveu construir casa para morar.
Encontrou
belo terreno, cercado por grandes árvores, bem do jeito que queria para a casa.
Limpou
direito o terreno, cortou o mato, arrancou os tocos e foi-se embora repousar.
Dona Onça
teve a mesma ideia.
Mas, como
dormia de dia, foi de noite procurar um local para construir sua casa.
Não
precisou procurar muito.
Encontrou
um terreno limpinho, sem tocos e sem mato. Do jeito que precisava para começar
a construção.
Procurou
pela mata e encontrou bons pedaços de pau, fortes e retinhos. Com os paus,
preparou as estacas da casa.
Já
amanhecia, e Dona Onça foi dormir.
Nem bem
amanheceu, veio o Bode continuar o serviço.
– Mas o
que é isso? Estes paus empilhados são bem do jeitinho que eu preciso para a
minha casa!
Feliz com
aquele achado, Mestre Bode marcou os espaços para a sala, para o quarto, para a
cozinha e para o banheiro, fincando no chão aquelas estacas.
Trabalhou,
cansou e foi embora.
Logo a
seguir, chegou Dona Onça.
– A casa
está todinha marcada com estacas! Mas que coisa mais estranha! Será que alguém
está me ajudando?
Dona Onça
aproveitou o que já estava feito e pregou as varas para o telhado.
Terminou
e foi-se embora.
Veio o
Bode e, surpreso com aquele progresso, preparou o barro, amassou-o e fez todas
as paredes.
Anoitecia
quando ele foi embora.
É claro
que a Onça deu pulos de contente ao ver a casa com todas as paredes prontinhas.
Depois de pular, pôs-se ao trabalho.
Cortou
sapé na floresta e cobriu a casa todinha.
Tudo
pronto, foi dormir.
Chegou
Mestre Bode, que não coube em si de contente:
– Mas
essa ajuda veio mesmo a calhar!
Colocou
portas e janelas e, dessa vez, não precisou ir embora. Estendeu a rede na sala
e preparou-se para dormir.
Foi aí
que ouviu um rugido lá fora.
Foi
espiar na janela e lá estava Dona Onça!
– O que
está fazendo na minha casa? – reclamou a pintada.
– Suacoisa
nenhuma! – negou o Bode. – Fui eu que construí!
– Você?!
Quem construiu esta casa fui eu!
– Fui eu
que limpei o terreno!
– Fui eu
que cortei as estacas!
– Fui eu
que finquei as estacas!
– Fui eu
que preguei o telhado!
– Pois
fui eu que levantei as paredes!
– Fui eu
que cobri toda a casa!
– Fui eu
que preguei portas e janelas!
– Ah, é?
– desafiou a Onça. – Pois olhe o que eu faço com as suas portas e com as suas
janelas!
Disse
isso e arrancou as portas e as janelas da casa.
– Ah, é
guerra, é? – enfureceu-se Mestre Bode. – Pois veja o que eu faço com o seu telhado!
Mestre
Bode arrancou todo o sapé, empilhou-o e tocou fogo.
– Seu
destruidor! – berrou a Onça. – Veja o que eu faço com as suas paredes!
Aos
pontapés, a Onça derrubou todas as paredes!
E assim,
aos berros e aos gritos, os dois destruíram todo o trabalho de tantos dias!
Por isso,
até hoje, nem o Bode nem a Onça têm casa onde morar...
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