No tempo em que os gatos e
ratos ainda eram amigos aconteceu uma grande enchente. Os rios transbordaram
inundando os campos e as florestas.
Um gato e um rato foram
pegos de surpresa pela chuvarada enquanto colhiam mandioca. Ficaram
ilhados no alto de um morro, não sabendo como voltar para a aldeia onde
moravam:
___ E agora? Perguntou o
gato.
___ Tenho umas ideias __
respondeu o rato. ___ Que tal construirmos uma jangada com os talos de mandioca?
O bichano aprovou a
proposta do companheiro e começaram imediatamente a preparar a improvisada
embarcação com os talos de mandioca que haviam colhido durante o dia inteiro de
trabalho.
Logo que a jangada ficou
pronta, os dois lançaram-na à água e puseram-se a caminho de casa. Como o
rio estava muito cheio, tinham que ir remando devagarinho.
Remaram e remaram até que
o rato, morto de fome, resolveu comer um pedacinho da jangada.
___ O que está fazendo? Perguntou o felino.
___ Estou com fome e por
isso vou roer um bocadinho da jangada ___ respondeu o rato.
___ Nada disso! ___ gritou
o parente da onça. ___ Continue a remar! Quando anoiteceu, cansado também de
remar, soltou um miado e acabou dormindo. O dentuço aproveitou-se do sono do
colega e começou a roer. Roeu tanto, que terminou fazendo um buraco bem no meio
da jangada e CATIBUM!!! Afundaram! Por sorte estavam perto da margem. Com muito
esforço chegaram em terra firme, então, o dorminhoco, enfurecido, falou para o
roedor.
___ Agora quem vai te
comer sou eu, seu desastrado!
___ Mas estou todo
enlameado. Espere aqui um pouquinho que eu vou me lavar __ disse o comilão ao
mesmo tempo que desaparecia pela sua toca adentro.
Para se vingar, o outro
esperou um tempão até perceber que tinha sido enganado. E é por causa dessa
briga que eles são inimigos até hoje.
ROGÉRIO
ANDRADE BARBOSA. Bichos da África 4.
São Paulo: Melhoramentos.
1.988
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