Eu
conheço uma fada chamada Sempre-Viva.
Ela
é uma senhora fada, tipo vovó ou bisavó.
Fada
Sempre-Viva usa um leque, em vez de varinha de condão.
Seu
chapéu é de pérolas, com um veuzinho feito de teia de aranha francesa.
Fada
Sempre-Viva mora numa casa que também é fada: é uma casa-fada com janelas
encontradas.
As
janelas abrem-se sobre paisagens que imaginamos.
A
janela daqui mostra um lugar cheio de borboletas.
A
janela dali mostra um céu estrelado, com lua, dragão e astronauta.
A
janela do meio mostra o pensamento. E como o pensamento é coisa de repente, a
janela abre para o branco.
Quem
olhar por ela pensa o que quer.
Fada
Sempre-Viva faz tudo o que qualquer fada faz:
transforma
sapos em príncipes,
abóboras
em carruagens,
ratinhos
em sanduíches de cachorro-quente
e
cachorro-quente em cachorro-frio resfriado.
Mas
o que a fada Sempre-Viva faz melhor de tudo é bater claras de neve. Ela é
especialista, formada pela Escola de Claras em Neve do país das Nevadas Claras.
E
fada Sempre-Viva, quando bate claras em neve, deixa de lado o seu leque, coloca
um avental feito de retalhos de escamas de rabo de sereia e babadinhos... e vai
para a cozinha.
A
cozinha da fada Sempre-Viva é linda:
com
fogão de flores,
geladeira
de morangos,
pia
de peixinhos,
ladrilhos
de pedras preciosas.
Sylvia Orthof, A
fada Sempre-Viva e a galinha-fada. São Paulo, Ed. FTD, 1986
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