Devo ter perdido a memória .
Quanto tempo faz que estou presa dentro dessa bola escura e toda fechada ?
Não enxergo nadinha! Quero ver se abro um buraquinho para espiar lá fora… Mas ainda estou fraca, com muito sono. Devo ter dormido um tempão!
Está ficando cada vez mais abafado aqui dentro. Como é que não morri sufocada ? Que diabo de lugar é este, e o que é que estou fazendo aqui dentro ?
(Quem está presa?)
- Aaaaiii, estou rolaaaannndooooo… Quem será que me empurrou?
Parece que lá fora está tendo um terremoto, que me sacode pra todo lado. E eu presa aqui dentro, sem saber o que está acontecendo, sem poder me defender!
- Como é que eu fui dormir desse jeito, e quem me enfiou dentro dessa bolota escuuuuraaaaa…. Aaaaaaaaaiiiiii!
Ai que susto! Despenquei num buraco e dos fundos. Ainda bem que essa bolota escura que me protege é bem forte. Não sei do que ela é feita, mas o material é legal. (Onde ela está presa?) Sorte, senão eu teria me machucado pra valer! Deve ter sido mesmo um terremoto, porque caiu um montão de terra por cima. Conheço bem o cheiro de terra molhada.
Agora ficou tudo em silêncio. Não escuto mais nenhum barulhinho. Estou no fundo, toda presa enrolada dentro dessa bolota, mas não dá para respirar. E eu estou bem. Até já me sinto mais forte. Com a unha posso arranhar essa coisa dura que me envolve e me prende, e fazer buraquinho nela. (O que é essa “coisa dura”?)
- Oba! Ela está rachando! Mais um pouco de força e eu abro uma brecha e meto a cabeça pra fora. Está se abrindo…
Pronto. Agora preciso cavar um túnel, o terremoto me enterrou. Felizmente a terra aqui é mole. Com mais um pouquinho de esforço, eu chego lá em cima.
- Viva! Consegui botar a cabeça pra fora! Como é bom sentir o sol de novo!
Agora, acho que dá pra passar um braço pela abertura.
- Up, up, up,upa! E, com um pouco mais de força eu tiro o outro.
Pronto. Agora eu posso finalmente sair desse buraco. Vou me agarrar na parede e tentar subir no muro. Lá de cima, vai dar pra ver onde é que eu estou.
(Onde a personagem estava?)
Foi um tremendo esforço, mas valeu a pena. Daqui eu vejo tudo.
Do lado de lá deste muro tem uma casa e um menino brincando. Deve ser filho do vizinho. Como é que a gente chama o menino ? Acho que se eu acenar ele vem.
Estou quase despencando daqui de cima, de tanto fazer sinal pra ele, mas o moleque nem repara em mim. E como eu gosto de crianças!
O menino me viu! E agora vem vindo pra cá.
Tenho a impressão de já ter estado neste lugar antes. Acho que até já conheço esse menino, mas ele não era assim grande era bem menorzinho. O menino vem mesmo?
- Venha cá, menino, venha! … Isso! Acho que conheço você de algum lugar. Me dê a sua mãozinha, sobe aqui no muro comigo, venha. Isso…
- Aaaaiiii!
- O que foi, eu machuquei você ? Não corra, volte! Ora, eu não sabia que as minhas pontas espetam. (Que pontas espetaram o menino?)
Alguma coisa está acontecendo comigo. Sinto uma espécie de febre, uma sensação estranha, um inchaço nas pontas… Alguma coisa vai acontecer. Alguma coisa que já me aconteceu antes!
Hoje acordei tarde, o sol já está lá em cima. Estou vendo o menino do outro lado do muro, correndo, jogando bola no jardim.
Ele parou, e agora está olhando pra mim. (Para que ou para quem o menino está olhando?)
- Venha cá, menino! Eu não machuco mais você, prometo que tomo cuidado com as minhas pontas.
Que bom, ele vem vindo, está chegando pertinho. Acho que não ficou zangado comigo, vai ser meu amigo. Mas… ele parou. Está olhando pra mim espantado, porque será ?
Foi se embora gritando…
- Menino, volte!
(Para onde o menino está se dirigindo? )
(Bem crianças agora, teremos o desfecho do nosso conto. O menino disse assim para sua mãe:)
- Mamãe, mamããããããe, venha ver! A trepadeira da semente que eu plantei está cheinha de flor.
OBSERVAÇÂO: À medida que for contando a história, fazer as perguntas dentro dos parênteses.
Stella Carr, Assombrassustos , 1995.
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