– Ninguém me vence na corrida! Ninguém!
Bom, é claro que quem vivia dizendo isso era o coelho. Pudera! Quem
consegue ser mais rápido que um coelho? E aquele, de todos os coelhos, era o
mais rápido e mais farofeiro. Vivia contando tanta vantagem que um dia, na
beira da lagoa, o sapo se enfezou com toda aquela gabolice e resolveu
desafiá-lo:
– Pois quero ver se o compadre coelho é assim tão rapidinho como diz!
Quero ver se consegue me vencer numa corrida!
– Você? Ora, seu pulador feioso! Você sabe mais é dar pulinhos na
lagoa...
– Então vamos ver, seu coelho farofeiro! Amanhã de manhãzinha nos
encontramos aqui mesmo. Será uma corrida ao redor da floresta ida e volta.
Começa e termina aqui, na beira da lagoa.
– Feito! Ah, ah! Você não vai estar nem na metade do caminho quando eu
chegar, sapo boboca!
O coelho foi dormir, confiante na vitória. Já o sapo passou boa parte da
noite num grande papo com a saparia.
No dia seguinte, lá se foram os dois, correndo desabalados!
Logo que entraram na floresta, um já não podia mais avistar o outro. O
coelho continuou correndo, certo de que o sapo já devia estar perdido lá atrás.
Nesse momento, à sua frente, o coelho ouviu a voz do sapo:
– Que moleza é essa, compadre coelho?
Como?! O sapo estava na sua frente? Isso não era possível! O coelho
apertou ainda mais o passo. Só que, passando só um pouquinho de tempo, lá veio
de novo a voz do sapo:
– Que moleza é essa, compadre coelho?
O sapo ainda estava na frente! Era preciso correr mais depressa, mais
depressa...
O coelho deu tudo o que tinha, com as pernas já doendo de tanto correr.
Mas, à frente, sempre ouvia a voz do sapo:
– Que moleza é essa, compadre coelho?
E o coelho não aguentou. Exausto, caiu na beira do caminho, sem poder
dar mais um passo...
Já o sapo, calmamente, passou por ele e continuou a corrida até dar a
volta na floresta e chegar à lagoa, sob os aplausos de toda a bicharada da
floresta!
Como? Mas a voz do sapo não vinha sempre de algum ponto à frente do
coelho?
Bem, era voz de sapo mas não daquele sapo. Acontece que, durante a
noite, o sapo havia espalhado uma porção de seus primos sapos ao longo de todo
o caminho da corrida. A cada vez que o coelho se aproximava de algum deles,
estava combinado que o primeiro sapo devia dizer “Que moleza é essa, compadre
coelho?” E o coelho, coitado, pensava que era sempre o mesmo sapo e se
esfalfava de correr, até cair de cansaço!
Bem feito! Quem mandou ser tão farofeiro?
www.bibliotecapedrobandeira.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário