Outra grande amiga de Clara Luz era a Gota de
Chuva.
Essa vivia sempre viajando, do céu para a
terra. Na volta tinha mil histórias para contar. Clara Luz queria saber tudo
sobre a terra. Até geografia e história do Brasil a Gota lhe ensinou um pouco.
Dias depois do aniversário de vermelhinha,
Clara Luz, saiu para brincar com a estrela e encontrou-a discutindo com a Gota.
Clara Luz nunca ficou sabendo a razão da
briga. Quando chegou, elas já estavam danadas, dizendo desaforos uma para a
outra.
- Pensa que é linda, assim toda vermelha?
- E você, que nem tem cor?
- Cara de tomate!
- Cara de fantasma!
- Essa discussão de vocês está me dando uma ideia! - disse Clara Luz.
Vermelhinha e a Gota esqueceram a briga:
- Conte depressa! Que ideia é?
- Vou colorir a chuva.
Vermelhinha e a Gota acharam a ideia ótima.
- Você - disse Clara Luz à Gota - fica encarregada de descer à Terra e depois vir
nos contar tudo que aconteceu por lá. Assim que acabar a chuva, evapore-se e
volte para cá bem depressa.
- Está bem, mas só vou com uma condição.
- Qual é?
- Poder escolher a minha cor. Você pode me
colorir de uma cor que eu não goste.
- De que cor você quer ser?
- Amarelinha. Adoro amarelo!
Vermelhinha deu sua opinião:
- Se eu fosse você, escolheria azul.
- Não. Ou vou amarela, ou então não vou.
Naquele momento a chuva começou a cair.
- Chegou a hora meninas! - anunciou Clara
Luz.
E, erguendo a varinha de condão, coloriu a
chuva.
Começou a chover de todas as cores: vermelho,
azul, amarelo, roxo, verde, alaranjado e mil outras.
Vermelhinha e a Gota davam pulos de alegria.
- Agora vá! - disse Clara Luz, para a Gota. -
Vá depressa, para depois contar tudo que o pessoal lá da Terra achou dessa
chuva.
- Vou como, se você ainda não me coloriu?
Pensa que quero ser a única gota sem cor no meio dessas outras, lindas?
- Ah! É mesmo!
E Clara Luz, com um varadinha, fez a Gota
ficar amarela. Na mesma hora ela desceu, sem dizer nem até logo.
As fadas do céu começaram a notar alguma
coisa diferente e foram abrindo as janelas, para ver o que estava acontecendo.
Quando viam a chuva, quase caíam para trás:
- Não é possível! Vizinha! Vizinha! Já viu o
que esta acontecendo?
A fada vizinha vinha também para a janela:
- Não posso acreditar! Estou vendo uma chuva colorida!
- É isso mesmo! Foi por isso que eu gritei!
- Mas quem terá feito uma coisa dessas? Que
dirá a Rainha quando souber?
Foi um escândalo. Ninguém mais conseguiu
trabalhar, nem fazer nada. Só se falava na chuva colorida.
A última a reparar na chuva foi justamente a
Fada-Mãe. Estava tão ocupada, arrumando a casa, que não olhou para fora.
Depois resolveu ir ao jardim, colher umas
flores prateadas para a jarra da sala.
- Tenho alguma coisa nos olhos - pensou ela.
-- O que estou vendo, só pode ser defeito da minha vista.
Nesse momento chegou Clara Luz.
- Querida, imagine como eu estou mal da
vista: estou vendo uma chuva de todas as cores.
Clara Luz riu:
- Sua vista é ótima, mamãe. Está chovendo mesmo. Fui eu que fiz.
- Clara Luz! Você coloriu a chuva?
- Colori.
- Mas com ordem de quem?
- De ninguém mamãe. Para colorir chuva
não precisa ordem, não. Basta a gente
ter a ideia.
- Mas menina, quem manda aqui no céu não é
você, é a rainha.
- Eu sei, mamãe, então não sei disso? Mas por
que a Rainha iria ser contra uma chuva tão bonita? Só se ela for muito boba.
Ouvindo chamar a Rainha de boba, a Fada-Mãe
perdeu a respiração.
- Por favor, um copo d'água! - pediu ela, com
voz fraca.
Clara Luz foi correndo buscar. Mas em vez de
dar a água para a mãe beber, jogou-a na cabeça dela.
- Não era para jogar na cabeça, Clara Luz,
era para beber - disse a Fada-Mãe, toda molhada.
- Ah! Então desculpe! Vou já buscar outro!
- Não, obrigada. Não é preciso. Já estou
melhorando.
Realmente, com o banho, a Fada-Mãe melhorara
logo. Só estava, ainda, com um pouco de falta de ar.
- Mamãe, você tem um defeito - disse Clara
Luz.
- Quer saber qual é?
-- Diga, minha filha.
- É essa sua falta de ar. Tudo faz você ficar
com falta de ar. Tem tanto ar, olha aí!
A Fada-Mãe olhou:
- É... ar, há bastante.
- Pois então? Só fica com falta de ar quem
quer. Tem ar até sobrando.
A Fada-Mãe viu que estava respirando melhor:
- Engraçado! Sabe que, depois dessa sua
explicação sobre o ar, eu estou respirando muito bem?
- Então estou às ordens. Quando você ficar
com falta, pode falar comigo, que eu explico tudo de novo e você melhora.
A Fada-Mãe voltou para dentro muito
intrigada: Nunca vi umas ideias como as dessa menina! Só se ela saiu ao pai,
que era o mágico mais inventador da corte do Rei dos Mágicos.
Fernanda Lopes de Almeida
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