Todos os dias o sapo ouvia um galo cantar no alto de uma árvore. O sapo ficou apaixonado pela voz do galo e resolveu que podia cantar como a ave. Contou para os seus amigos.
- Você tem certeza que pode? – perguntou a rã.
- Se o galo canta, por que eu não posso cantar? Eu tenho uma bela voz. – disse o sapo.
- Tudo bem, você acha. Se quer tentar que tente. – disse a rã com pena do amigo.
Criou um festival de musica só para ele. Imaginou esse dia como o mais importante da sua vidinha de sapo. A bicharada da lagoa recebeu o convite impresso numa folha de planta aquática.
“Ao raiar o sol, venha ver e ouvir o sapo cantor no festival de música batraquiana”
Finalmente chegou a hora. A lagoa estava repleta de bichos para ver o sapo cantar como o galo. O sapo nadou até o palco, montado numa pedra no bem no centro da lagoa, ajeitou o microfone feito de junco, tossiu para limpar a garganta e começou:
- Coach, coach, coach, coach...
A plateia estava muda. Aquilo era cantar como um galo? Silenciosamente os assistentes começaram a se retirar. O sapo, de olhos fechados e peito estufado, continuava cantando imaginando que estava agradando. Ao terminar o canto, abriu os olhos e viu que estava só. Milhões de pontos de interrogação dançavam na sua cabeça. Ele não podia entender... Por que seria que os amigos não esperaram ele terminar o canto para aplaudi-lo? Bem! Deixa pra lá!
No dia seguinte, quando tomava sol com outros sapos e rãs, ele perguntou:
- Então, o meu canto agradou? Não cantei tão bem como o galo?
- Amigo, – disse o sapo mais velho da turma – quem nasceu pra sapo nunca chega a frango d’água e muito menos a galo cantor. Seja você mesmo para não perder seus amigos.
Maria Hilda de J. Alão.
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